28 de jan. de 2009

ADEUS ou ATÉ JAZZ




















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O João não era um daqueles amigos do dia a dia, era amigo por ser tão bom, tão generoso, humilde, uma energia positiva um sorriso que nos fazia sentir especiais...
dia 22 de Fevereiro na Av. marginal sofreu um acidente acabou por falecer deixando 2 gémeas de 10 meses!! para mim parece injusto muito injusto por isso partilho o cantinho dele (blog) um grande escritor e ilustrador que tínhamos, principalmente um grande pai e um grande homem, meu amigo descansa em paz!!
Por curiosidade fui a um post's aqui escrito no blog e deparei-me com algo que nunca pensei (nem ele pensou aposto) que se fosse tornar realidade tão cedo...

A 28 de Agosto de 2008 (quinta feira) o João escreve assim:

escritores de lápides
Há pessoas com cara-de-pau. E há também agentes fúnebres. Creio ser uma profissão em que é necessário, não ofendendo deliberadamente ninguém, ter a maior cara-de-pau de sempre. Vejamos, lucram com o infortúnio dos outros… certos membros do governo também o fazem, mas o emprego destas agências é assumido e respeitado. Esses membros do governo já não. Onde quero eu chegar? A lado nenhum provavelmente, mas receio que mais tarde ou mais cedo irei estar nas mãos destes agentes fúnebres. Regozijo-me a pensar em como seria a minha última cerimónia. Temos variadíssimas hipóteses. As mais tradicionais são o enterro e a cremação. Contudo penso que o embalsamamento será a qual com que me identifico mais. Na verdade gostava que me embalsamassem e me pusessem no hall de entrada da minha casa, ao lado do bengaleiro. Sempre gostei de receber visitas… A nossa vida é feita de etapas, e em cada uma delas, haverá sempre alguém que lucre com elas. Baptismo, a educação, faculdade, casamento, divórcio e eventualmente a morte… Parece-me justo que quando passamos por estas etapas, haverá alguém a lucrar, pois também, cada um festeja como quer, agora no nosso funeral, já me cheira a algo… Para já não compreendo porquê é que nos enterram com o nosso melhor fato! Se é para dormir para sempre não tem mais lógica ir com o nosso melhor pijama? E para quem é cremado? Sempre que vou a um churrasco envergo sempre uma camisa havaiana e um belo par de chinelos! Enfim, é de facto doloroso e penoso ir às compras para a cerimónia; escolher o caixão, a madeira, o acabamento, a urna… e também a lápide. A lápide será a nossa marca para a posteridade, convém ter um bom par de linhas em que se expressa o sentimento pelos que cá ficam. Gosto de pensar em como será a vida da pessoa que escreve os textos para as lápides. É provavelmente uma vida pacata e serena. Mesmo assim, estes senhores são os que têm ainda mais cara-de-pau. Penso que realmente o trabalho que fazem é venerável, por mim, em todas as lápides de familiares meus falecidos, o texto está sempre solene e conciso, mas, dentro da pacatez da vida de um escritor de lápides, existe sempre o momento em que expressam o seu maior potencial de cara-de-pauzice… O que será que se escreve na lápide de um hipocondríaco?

Publicada por João Peixoto

2 comentários:

Sofia disse...

ai amiga...
tou com o coração no chão!!
eu andei com ele na escola...
ou pelo menos tudo indica que sim, que foi o mesmo João que tirou Artes Graficas comigo...
lamento imenso,
um beijo grande!

Rita Correia ilustradora disse...

É tão bom ver que o João grandão tinha tanta boa gente espalhada por aí.
É esquisito imaginar que já não o temos por aqui... mas tenho a certeza que ele já estará numa grande farra com os santos todos e a olhar pelos amores dele :)
Beijinho